OPACIDADE & TRANSPARÊNCIA (2020)

Trata-se de uma série em processo, composta tanto por imagens quanto por vídeos experimentais, cujo pano de fundo é mobilizado pela pesquisa "Acervos compartilhados", que perscruta e discute a prática da coleção de objetos (sejam eles artísticos ou não) circunscrita no ambiente íntimo e não institucional. Nesses termos, o vídeo "Opacidade & transparência" (2020) situa em perspectiva as questões do colecionismo e suas esferas sociais, culturais e políticas. Parte-se da ficcionalização de uma narrativa visual a respeito de outros olhares possíveis sobre o colecionismo, olhares que buscam exceder e desestabilizar o exercício de poder discursivo do colecionismo atrelado ao contexto das políticas macroestruturais do sistema da arte. Ao dispor em primeiro plano um objeto que prefigura e demarca a contagem e a passagem do tempo, provocamos a visualização tanto das esferas íntima, privada e subjetiva do colecionador quanto da própria coleção como reflexibilidade. Jogo irreconciliável de opacidade e transparência que aponta a obra de arte como um dos itens de ficcionalização e de deslocamento do imaginário da própria prática colecionista, bem como de seu dispositivo imagético. Ao distender a imagem-tempo e a imagem-movimento, esticamos o ritmo com que enxergamos o objeto, constituindo e remontando uma manifestação particular que preserva a tensão e direciona o olhar para além dele. Entendendo, portanto, a prática da coleção não só como espaço de consagração, mas, também, como espaço de disputas, atritos e rupturas, este vídeo nos questiona: quais os possíveis caminhos para se compor narrativas sobre a complexidade do fenômeno do colecionismo como prática social no trânsito contemporâneo?


FURTACOR, Opacidade & transparência (2020), Vídeo, Dispositivo Portátil, Dimensões Variáveis, Widescreen [cor] 3'00''. In: Exposição Continuidades: Mostra de Arte Contemporânea no Espaço On-line, 2020. Galeria de Arte e Pesquisa (GAP-UFES). Vitória/ES. Brasil.


REFERÊNCIAS (2020)

Trata-se de uma série experimental que traz para o cerne da visualidade reflexões de pesquisadores, autores, artistas e pensadores que atuam e operam suas práticas no entrecruzamento dos campos da arte e da educação. Referências para as experimentações e inflexões poéticas e estéticas do duo FURTACOR, o objetivo desta série é de colocar essas reflexões em diálogo, promovendo assim a construção de um texto fragmentário de finitude indeterminada. Visa-se, portanto, a instauração de uma conversa infinita cujo tom tem como horizonte a afirmação da arte em suas instâncias educativas e, consequentemente, a educação como práxis artística e transformadora. Este trabalho emerge a partir das ações do duo FURTACOR realizadas em seu perfil na plataforma Instagram.


FURTACOR, Referências (2020), Texto, Dimensões Variáveis.



Imagem 1 - GONÇALVES, Juan. Sou artista enquanto mediador? Sou mediador enquanto artista? A mediação como prática artística em Vitória (ES). 2018. 136 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Artes Plásticas) - Departamento de Artes Visuais, Centro de Artes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2018.

Imagem 2 - CAMNITZER, Luis. Introdução. In: CAMNITZER, Luis; PÉREZ-BARREIRO, Gabriel. (org.). Arte para a educação / educação para a arte. Porto Alegre: Fundação Bienal do Mercosul, 2009. p. 13-24.

Imagem 3 - MÖRSCH, Carmen. Numa encruzilhada de quatro discursos. Mediação e educação na documenta 12: entre afirmação, reprodução, desconstrução e transformação. In: Periódico Permanente, n. 6, p. 1-32, fev. 2016. 

FURTACOR (2018)

Motivado pelas investigações dos arte-educadores, a alemã Carmen Mörsch e o uruguaio Luis Camnitzer, o trabalho problematiza o lugar ocupado pelo sujeito lançado à condição de mediador cultural, estabelecendo, pelo viés estético, uma autocrítica sobre os processos em arte-educação explorados pelas instituições de cultura na contemporaneidade. A obra se consistiu na inserção de um objeto - uma cadeira reversível para uma escada - posicionado no espaço contíguo à janela localizada a frente da escada de acesso para o espaço expositivo do Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (MAES). A janela permaneceu aberta durante todo o período de duração da exposição, com a cadeira disposta entre suas folhas, inicialmente com seu encosto junto à parede. Ao chão, uma faixa de sinalização foi fixada, estabelecendo, assim, um perímetro no qual a proposta se realizou. Dispersas, dentro e fora do espaço expositivo, foram distribuídas frases, impressas em plotagem de tipo recorte, e que só puderam ser lidas com o auxílio de dois binóculos, colocados à disposição do espectador-participador sobre o acento da cadeira. Junto aos binóculos um mapa, que orientou o fruidor da obra acerca da localização das frases, cuja narrativa, lida em sequência, conduziria à reversão da cadeira em escada. Assim, a obra buscou, por meio de uma experiência temporária de inflexão plástica, poética e estética, visibilizar através do corpo do espectador-participador os possíveis que orbitam o imaginário da prática da mediação - sempre cambiante, cuja abordagem é alterada conforme o sujeito que a ocupa.


FURTACOR, Furtacor (2018), Objeto/Instalação (cadeira reversível para escada em madeira, binóculos, plotagem em tipo recorte, faixa de sinalização e mapa instrutivo), Dimensões Variáveis. In: Exposição Coletiva MERGULHO_estratégias para emergir, 2018. Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (MAES). Vitória/ES. Brasil.


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